A Terapia Neural busca neutralizar as irritações do sistema nervoso vegetativo que desencadeiam um sintoma ou enfermidade. O Sistema nervoso vegetativo (SNV) está presente em todo corpo, e sua função está relacionada à manutenção da homeostasia (equilíbrio do organismo), controlando funções como a respiração, circulação (frequência cardíaca e pressão arterial), controle de temperatura e digestão. Além disso, o SNV é o principal responsável pela inter-relação do corpo com o ambiente, como por exemplo quando apresentamos tremores, constrição dos vasos sanguíneos, redução da frequência cardíaca e ereção dos pelos numa situação de frio extremo, com o objetivo de gerar calor e reduzir nosso gasto de energia, mantendo uma temperatura corporal adequada à sobrevivência. Assim, o SNV é capaz de regular o funcionamento de todo o organismo.
Considerando então que o SNV está presente em todo o organismo e está todo interconectado, quando existe uma irritação em uma parte do organismo, todo o sistema nervoso se modifica e se adapta, o que explica porque as fibras nervosas que rodeiam um dente por erupcionar possam estar irritadas e causar uma febre, ou porque após uma cirurgia, onde foram cortadas várias fibras do SNV, um indivíduo pode começar a apresentar dor numa articulação, como no ombro, por exemplo.
O objetivo do terapeuta neural é identificar a partir da história de vida do paciente em que lugar do corpo há uma fibra nervosa irritada, que pode ser responsável por um sintoma ou uma doença, e assim estimular sua reparação, permitindo que o organismo volte a exercer com êxito sua função. O terapeuta se fixará em certos dados chave, como infecções recorrentes (mesmo que tenham ocorrida na infância ou de longa data), as intervenções odontológicas ou cirúrgicas a que tenha se submetido o paciente, além de traumas emocionais. Também o exame físico, através da inspeção e palpação poderão auxiliar a identificar áreas de alteração do SNV, como áreas dolorosas, sem pelos, atróficas ou com lesões de pele. Uma radiografia panorâmica trará informações importantes sobre a boca, região onde encontramos irritações em cerca de 70% dos casos.
As áreas de irritação que podem causar sintomas à distância no organismo são chamadas de CAMPOS INTERFERENTES.
São frequentes campos interferentes na boca: dentes infectados, sisos inclusos ou mal posicionados, cistos apicais, que são constantes focos irritativos e que geram patologia à distância. A aplicação num destes locais pode causar o desaparecimento de uma dor no joelho ou de uma enxaqueca, por exemplo.
As cicatrizes são também muitas vezes campos interferentes, pois significam interrupções nos circuitos neurais, muitas vezes associadas a memórias traumáticas – cicatrizes de cesariana, cirurgias de apêndice, vacinas, amígdalas, de fraturas, queimaduras ou mesmo tatuagens.
A partir da identificação destes possíveis campos interferentes, o tratamento ocorre a partir de aplicações de anestésicos locais – procaína (ou lidocaína) em baixas concentrações. O efeito desejado na Terapia Neural não é o anestésico, e sim o efeito elétrico destas substâncias, que induzem a célula a uma tensão de 290 mV, permitindo a repolarização e estabilização do potencial da membrana plasmática das células afetadas, neutralizando a irritação e assim retomar um melhor funcionamento do sistema neurovegetativo.
A procaína tem metabolização plasmática rápida e ao contrário dos outros anestésicos locais não é metabolizada no fígado, o que explica a sua boa tolerância.
Além da função reguladora do sistema nervoso vegetativo, a procaína ainda apresenta diversos efeitos farmacológicos: